Director - Então Cláudia, o que combinámos?
Cláudia - Desculpe, Sr. Direct… Fernando.
(Cáudia): Mantenho as mãos, suadas, trémulas, debaixo da mesa e em cima das minhas pernas, esfregando-as...
Director - Não me diga que também é divorciada?
Cláudia - Não, não sou... Fernando.
(Cláudia): digam-me quando é que isto acaba. Acho que não vou aguentar com tanta pergunta. Que é que eu faço?
Director - E esta thomáz? A nossa Cláudia também é solteirinha. Bom, vou deixá-los a sós e... Cláudia, trate bem do Thomáz. Olhe que eu quero-o bem preparado para ver se damos uma volta naquele departamento. Vamos ver se é agora que o lugar fica preenchido.
Cláudia - Sim Sr... desculpe, ainda não me habituei... Fernando.
(Cláudia): Caíu-me o coração ao pés. Eu não aguentava nem mais um minuto.
Thomáz - Cláudia, sente-se bem?
Cláudia - Sim Thomáz, estou bem. Acho que o café não me caíu bem, mas passa.
(Cláudia): Levanto-me, pego na minha chávena e na do Thomáz mas…
Thomáz - Que está a fazer Cláudia?
Cláudia - Vou só pôr as chávenas no tabuleiro de sujos.
Thomáz - Nada disso, eu levo.
(Cláudia): Bem, esta apresentação tem de acabar da parte da manhã. É suposto, depois do almoço, começar a parte prática, mexer nos papéis e a referenciar a nossa função na empresa, no departamento.
Percorrendo, então, os corredores, eis que à saída do departamento de pessoal, damos de caras, novamente, com o director e, logo de imediato me diz.
Director - Cláudia, ainda bem que a vejo. Esqueci de lhe dizer que, aí por volta das 18 horas, vá ao meu gabinete. Quero falar um pouco consigo. Deixe o Thomáz a tomar conhecimento de alguma papelada e vá ter comigo.
(Cláudia): Estou encostada à parede, quase sem respirar. Não há motivo, ele é meu patrão, e quer falar de trabalho. Estou a tentar convencer-me disso mas...não consigo, é mais forte. Tenho a cabeça a ferver, não paro de imaginar o que ainda não aconteceu. Mas…não aconteceu o quê, Cláudia?
Porquê, porquê este meu estado, porque reajo assim, viver imaginando? E o que é que eu estou a imaginar? Nada…ou estou?
Ai… tenho o Thomáz à minha espera. Não posso demonstrar esta minha aflição, esta minha insegurança, perturbação. Tenho de esconder esta cara, de certeza bem vermelha, porque quente...está ela. Mostrar ao Thomáz a Cláudia, segura e zelosa, no meu trabalho.
Thomáz - Oh…lá…lá, o director não pára de a “requisitar”. Temos aqui um fraquinho à vista? A Cláudia desculpe-me este meu bom humor.
(Cláudia): Pedrinha, estás comigo? És tudo o que eu quero, agora.
Não consigo dizer uma palavra. Dá-me, dá-me a tua frescura, a tua paz. Ajuda-me a raciocinar, a acalmar e diz-me, diz-me... que se passa comigo?