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abril 16, 2012

se eu fizesse... (III)

Sabendo que os dias não são todos iguais, aí estou eu, na rua, para me dedicar a mais um dia rotineiro. Bem agasalhada, porque o tempo não está de grandes calores. Está até muito diferente do de ontem, na temperatura. Ah tenho de voltar a casa, esqueci a minha pedrinha.
Acelera seu passo, entra em casa e levanta a almofada
- Eu sabia que estavas à minha esperanão imagino perder-te.
Beija a pedrinha, coloca-a no bolso das suas calças e sai, agora, mais completa e pronta para começar o dia de trabalho.
Já bem perto do escritório, primeiro, a pastelaria do Sr. João. É ali que, todos os dias, toma o pequeno almoço.
- Bom Dia Sr. João.
- Olá Bom Dia, menina Cláudia. Vai o costume?
- Sim, para não variar. Obrigado.
(Trata-se de um copo de leite bem quente e um pãozinho de Deus com um pouco de manteiga).
Sentei-me, até porque ainda faltava uma meia hora para entrar no escritório, e entretive-me a observar aquele mundo de gente. Uns mais apressados que outros, por sua vez, outros conversando num timbre de voz que quase causa arrepios. Conversas de futebol, de mulheres, de homens, do dizer mal deste e daquela, enfim, um mar de vida.
Leva a mão ao bolso das suas calças e retira a pedra. Cheira-a, beija-a, e esfrega-a, suavemente nas mãos...
- Aqui está o seu pequeno almoço menina.
- Ahobrigado Sr. João.
Remete a pedra novamente ao bolso e começa a comer. Entretanto...
- Olha, o meu colega. Heiii...
Levantando o seu braço, faz-lhe sinal para que se fosse sentar junto dela e assim foi. Acompanhado da sua bica, sentou-se, e lá deram dois dedos de conversa, o suficiente para o tempo passar a correr. Saímos e dirigimo-nos ao escritório.
Surpresa... logo de manhã, e para mim.
Ainda não me tinha sentado e sou abordada pelo meu Director, acompanhado por um outro senhor.
Diz-me o Director:
- Bom Dia Cláudia, apresento-lhe o Sr. Thomáz. Entra hoje para a empresa e vem ocupar o lugar vago no seu gabinete.
Delicadamente, cumprimento o Senhor e depois o meu Director que, de imediato me diz:
- Cláudia, quero pedir-lhe que ajude o Thomáz. O identifique do que se pretende e lhe dê uma apresentação, o mais apurada possível, sobre a empresa. Gaste o tempo que achar necessário, para que nada possa escapar. Quero o Thomáz bem conhecedor de quem somos. Deixo-o nas suas mãos, até já.
Assumi a função mas... não sem antes reparar o quanto o meu Director me observava. O seu olhar, fora do habitual, os seus olhos, a fixação em mim, por vezes o parecer interromper a sua própria  conversa e, naquele curto silêncio, o seu olhar como se fosse a primeira vez que me via. Não posso dizer que tenha ficado incomodada mas, quer dizerfiquei. Algo de diferente notei, e em mim penetrou... e ficou.
Meti a mão no bolso e agarrei-me à minha pedrinha.

7 comentários:

mfc disse...

Há sempre um amuleto que não serve de nada... mas que nos dá a sensação de protecção!!

Um abraço.

Mona Lisa disse...

Agarrou a pedrinha por ter sentido o "clic"?!

Beijos.

apessoa disse...

Mais um...
Fantástico!

Pérola disse...

No 'mar de vida' da Claúdia existem pessoas de carne e osso! Desenvolvimento que surpreende. Espero pela revelação dos graus de importância em relação à amada e companheira pedrinha.
Beijo.

BlueShell disse...

Esse "ir para o trabalho" é-me familiar..exceto na parte da "pedrinha"!
Temos sempre de bos agarrar a algo, nem que seja apenas uma "pedrinha"!

Te abraço
BShell

NãoSouEuéaOutra disse...

Lá está a pedra... que fixação!! Um vazio por aí inexplicável, que só freud poderia explicar e Jung dar a última análise definitiva. Pedra, pela sua forma, que ainda não sei bem... Redonda? Fálica? isso irá reflectir o pavor dela oculto...

Luna disse...

pedrinha, conforto, protecção...amuleto de momentos transpirados, quando os sentidos exigem e o estar limita.

a ler entusiasmada o desenrolar...